segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Detenta ferida em motim em presídio corre risco de perder visão esquerda


Pirajuí – A detenta ferida durante motim ocorrido na última terça-feira, na Penitenciária Feminina de Pirajuí (58 quilômetros de Bauru), está internada no Hospital de Base (HB) em Bauru e corre o risco de perder a visão do olho esquerdo. Segundo um familiar dela, que preferiu não se identificar, os ferimentos teriam sido provocados por uma bomba lançada na cela onde ela dormia. Procurada, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou por meio da assessoria de imprensa que só iria se manifestar sobre o caso hoje.

Conforme divulgado com exclusividade pelo JC, por mais de 12 horas, cerca de 30 presas da penitenciária teriam se recusado a voltar para as celas, além de provocar tumulto, danificar a unidade e ameaçar agentes penitenciárias (leia mais abaixo). A reportagem apurou que a causa da revolta seria a insatisfação das presas com o regime de extrema disciplina que todas têm que seguir no local.
De acordo com um familiar da detenta, ela não teria participado do motim, mas acabou sendo ferida quando o Grupo de Intervenção Rápida (GIR) – força especial da SAP – entrou na penitenciária, já na manhã do dia 17, para conter a confusão e garantir que a situação voltasse ao normal. “Ela foi olhar pelo buraco da cela dela e um homem do lado de lá falou: mãos para trás e vai no fundo da cela”, conta.
Ainda de acordo com o denunciante, a presa teria obedecido à ordem, mas acabou sendo surpreendida pela explosão de uma bomba. O familiar da detenta alega que os estilhaços do artefato atingiram o olho esquerdo dela, provocando lesões na retina e corte no supercílio. “Ela está todinha machucada no hospital, com ponto, e o médico falou que só por Deus ela vai conseguir enxergar do olho esquerdo”, afirma.
A presa estaria aguardando o resultado de exames e vaga para passar por cirurgia especializada no Hospital Estadual (HE) de Bauru, o que deve ocorrer no início desta semana. Até o final da tarde de ontem, ela permanecia internada em um quarto no HB. O familiar da detenta relata ainda que ela teria sido obrigada a assinar documento na unidade dizendo que machucou-se sozinha após bater o olho em uma tela.

O motim
A reportagem apurou que o motim na Penitenciária de Pirajuí teve início na tarde do dia 16 e só terminou na manhã do dia seguinte, após a ação do GIR de Marília. Presas de um dos pavilhões teriam se recusado a voltar para as celas e exigido a presença de uma diretora na unidade para entregar uma carta com reivindicações.
As detentas, a maioria vinda da capital, estariam descontentes com rigidez imposta pela penitenciária, que estipularia horário para o banho de sol e as refeições, entre outras regras de convivência. Após a presença da diretora, e com a situação já controlada, algumas presas teriam tentado convencer colegas de outros pavilhões a se amotinarem.
As “indisciplinadas” teriam sido levadas para área de isolamento, o que voltou a gerar um clima de instabilidade na unidade. Elas chegaram a colocar fogo em cobertores e ameaçar as agentes penitenciárias de morte. Revoltadas, as demais detentas teriam se amotinado e passado a arremessar objetos de dentro das celas na direção das funcionárias.
Durante a confusão, algumas presas chegaram a fazer menção a uma conhecida facção criminosa. A assessoria de imprensa da SAP confirmou a ocorrência do motim, mas disse que, nos finais de semana, só atende casos de rebelião e fuga de presos e que irá se manifestar sobre o ferimento sofrido pela detenta apenas hoje.
A Polícia Civil de Pirajuí informou ontem à noite que a presa que ficou ferida passou por exame de corpo de delito e que aguarda laudo do Instituto Médico Legal (IML) para constatar a gravidade das lesões. Nestes casos, a delegacia instaura inquérito para apurar a conduta das presas e também a ação do GIR e demais funcionários que atuaram para conter o motim.
Além disso, a própria penitenciária também instaura procedimento disciplinar para apurar no âmbito administrativo a conduta dos servidores, informa a Polícia Civil.
Fonte: www.jcnet.com.br

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