A pele pode ser encarada como uma capa, um papel adesivo sobre nosso corpo. Este revestimento fino e delicado no microscópio tem de 10 a 20 camadas de células, uma encaixada à outra, fortemente unidas como tijolos de uma parede ou cerâmicas de um piso. Ele recebe o nome de epitélio e forma a epiderme, a parte mais externa da pele.
Embaixo deste revestimento temos as nossas carnes que são os tecidos cheios de tubinhos ou vasos por onde corre o sangue para nutrir e oxigenar as células. Este tecido na pele recebe o nome de derme e se parece grosseiramente com o sagu: as bolinhas são as células e a gelatina um gel conhecido como matriz extracelular, da qual faz parte uma proteína conhecida como colágeno. Este tecido presente em quase todos os lugares preenche espaços e deixa nossas partes bem macias e por dar um toque final formando o conjunto das estruturas passou a ser nominado de tecido conjuntivo. Quem não gosta de apalpar o bracinho de um bebê.
Na superfície do revestimento tem-se a camada proteica de queratina que deixa a pele opaca, sem transparência. As mucosas da boca, olho, genitália e nariz como não têm queratina ficam rosadas, quase transparentes e por isto são mais delicadas e penetráveis do que a pele.
As camadas de células da pele se descamam: as mais internas ou basais migram para cima a medida que as superficiais se perdem aos milhões todos os dias em contato com roupas, pessoas e nos banhos. Em 25 dias mais ou menos podemos dizer que trocamos o couro, ou melhor, a pele. Nos animais este revestimento também representa a maior parte do que conhecemos como couro. Por isto mesmo tem células proliferando na pele a todo momento, são milhões e milhões todos os dias, aparecem e se perdem, uma renovação constante.
Quando os raios solares UVA atravessam a epiderme, quebram bioquimicamente o colágeno da matriz extracelular, aquele gel que fica entre as células e dão maciez aos tecidos. O colágeno como uma proteína filamentosa e organizada neste gel em longas fibras, vai ficando disposto em pequenos segmentos desorganizados como se amassado. Outras fibras chamadas de elásticas também se quebram e se desorganizam. A pele que era macia e gostosa de se pegar, vai ficando mais dura, menos elástica e enrugada, as vezes com um aspecto de pergaminho. É cruel, muito cruel, mas assim se passa!
A pele envelhece por que inevitavelmente estamos expostos ao sol. As pessoas com oitenta anos que trabalharam ao sol sem proteção na face e membros, quando tiram a roupa espantosamente revelam uma pele lisa e preservada nas áreas mais íntimas, pois foram recobertas continuadamente pela roupa, bloqueou-se os raios solares.
Quando se fala em proteção solar pensa-se em praia, piscina e trabalho. Ao nascer, estamos recebendo radiação. Mesmo em casa com as janelas abertas. Na varanda, debaixo das arvores e nos carros estamos sendo afetados pelo sol: os raios rebatem nos objetos, paredes e refletem em nós. Quanto menos efeitos se somarem ao longo dos anos, menor o envelhecimento induzido e o enrugamento. O efeito é somatório, se acumula!
Cada vez que uma célula em mitose dá origem a duas, o seu cerne ou núcleo tem que se dividir. Os genes, ou seja, as 25 mil informações que temos em cada núcleo terão que ser duplicadas. Uma informação copiada de forma errada, poderemos ter duas células atípicas, bizarras, estranhas e fora de nosso controle. Depois de 2, 4, 8 e 16 células, finalmente teremos um clone celular, uma neoplasia ou nova formação, que invade descontroladamente outras partes: isto é o câncer.
Na pele, são milhões de células duplicando-se todos os dias. Os raios solares UVB em geral atrapalham a transcrição dessas 25 mil informações. A cada dia ele muda uma palavra, uma letra, uma frase de uma determinada informação, até ficar totalmente diferente do original. Isto acontece ao longo de anos, e 35-50 anos depois do nascimento, eis que o câncer – melanomas e carcinomas - podem aparecer na pele.
Se diminuirmos a exposição ao sol podemos evitar o envelhecimento e o câncer na pele, mas tem gente que não acredita! Uma das melhores revistas médicas do mundo, a The New England Journal of Medicine, publicou o caso clínico do motorista que por 28 anos dirigiu sem proteção ao sol: a foto impressionou todo o mundo! O paciente foi atendido por Jennifer Gordon e Joaquin Brieva da Northwestern University de Chicago e a imagem fala por si! Qual o lado envelheceu mais rapidamente?
Fonte: www.jcnet.com.br
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