quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Avaí se mobiliza contra penitenciárias


Vereadores e produtores rurais estão se organizando contra a instalação de duas unidades prisionais no município.

Avaí – Parlamentares e produtores rurais de Avaí (39 quilômetros de Bauru) estão se mobilizando contra a instalação de unidades prisionais na cidade. Segundo eles, o prefeito teria oferecido área ao governo do Estado para a construção de duas penitenciárias. O prefeito Celso Roberto de Faveri (PTB) nega e diz que foi procurado pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), que estaria avaliando ainda a possibilidade de instalar as unidades em outros quatro municípios.
O movimento contrário às penitenciárias é encabeçado pelo produtor rural Evaldo Rino Ribeiro, vice-presidente da Associação Rural do Centro-Oeste (Arco), diretor-presidente da Associação Paulista de Criadores de Nelore (APCN) e dono de fazenda de criação de gado em Avaí há trinta anos. Além de reunir assinaturas para protocolar na Câmara moção de repúdio à iniciativa, ontem, ele entregou 3.500 panfletos na cidade visando alertar os moradores sobre o fato.
Segundo ele, o prefeito teria oferecido ao Estado duas áreas – dos lados direito e esquerdo da rodovia Marechal Rondon (SP-300) – para instalação das penitenciárias. “Essa é uma região que se tornou produtiva, que hoje produz gado de raça, cana, melancia, eucalipto, e tem a aldeia dos índios vizinha”, conta. “Qual a segurança que esse povo vai ter? Para mim, foi uma irresponsabilidade porque não traz benefícios para a cidade”.
Na opinião de Ribeiro, além da falta de segurança, a vinda de unidades prisionais para Avaí iria sobrecarregar o sistema público de saúde. “Você vê a carência já que tem os prontos-socorros de remédios. Nos dias de visita, esse povo que vem de fora vai usufruir de tudo isso e o povo nosso vai ficar mais carente ainda”, diz. “Outra coisa é a grande desvalorização de mercado porque ninguém quer uma penitenciária como vizinho”.
De acordo com o produtor rural, alguns moradores acreditam que a instalação das duas penitenciárias vai contribuir com geração de empregos e ajudar a impulsionar o comércio local, ideia com a qual ele não concorda. “Nós queremos escolas profissionalizantes, hospitais, coisas boas para o povo, mas não presídios”, pontua. Pelo menos três vereadores já se posicionaram de forma contrária à vinda das unidades prisionais.
Um deles, Danilo Cezar de Freitas Tieppo (PSDB), conta que soube da proposta da prefeitura de oferecer as áreas para a instalação das penitenciárias extraoficialmente, já que o Legislativo não foi consultado sobre o tema. “Não seria bom no quesito segurança. Nós não temos estrutura para comportar tantas penitenciárias”, avalia. Da mesma opinião compartilha seu colega de partido, o vereador Vinícius Neves Iunes (PSDB).
Além de solicitar informações ao Executivo, Tieppo explica que, na próxima sessão da Câmara, agendada para o dia 25, vai propor a realização de plebiscito para que a população seja consultada sobre o assunto. “O plebiscito não tem força de barrar. Ele tem a força de mostrar qual é a vontade da população. Essa a intenção nossa – demonstrar ao prefeito a vontade da população”, anuncia.
O vereador Cícero da Silva (PT) também é contrário à instalação das unidades. “O prefeito fez a promessa de campanha dele de médico 24 horas na cidade, de mini-distrito industrial para tentar trazer empresas. Eu acho que tem que investir em alguma coisa e não trazer bandidagem para a cidade”, ressalta. “Hoje, nem o governo aguenta crime organizado e vai trazer para uma cidade pequena dessas?”.

Prefeito diz que foi procurado pelo Estado
O prefeito de Avaí, Celso Roberto de Faveri (PTB), nega que tenha solicitado instalação de penitenciárias na cidade. “Eu não fiz pedido nenhum”, afirma. “Eles (representantes da Secretaria da Segurança Pública – SSP) ligaram para eu ir lá, eu fui lá conversar e falei que, por mim, eu era contra. Só que aí eles falaram pra mim que não depende nem de prefeito e nem de vereador para vir o presídio. Eu fui contrário”.
Segundo ele, o governo do Estado não confirmou a vinda das unidades para o município e disse que estava analisando a possibilidade de instalar as penitenciárias em outras quatro cidades – além de Avaí, Reginópolis, Duartina, Presidente Alves e Pirajuí. “Se depender de mim, eu não quero. Eu tenho propriedade aqui e creio que não é interessante. Eu acho que a cidade já está perdida na droga. Se vir ainda presídio, vai ficar pior ainda”.
A reportagem telefonou para a assessoria de imprensa da SSP, mas foi informada de que o assunto deveria ser tratado com a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP). Apesar do contato por telefone e por e-mail, até o fechamento desta edição, a assessoria de imprensa do órgão não havia se pronunciado sobre um eventual projeto do Estado para a instalação de penitenciárias na região.
Fonte: www.jcnet.com.br

Um comentário:

  1. Vai começar tudo novamente. Será que o governo, não tem outra opção? Construir escolas, por exemplo (de qualidade), significa menos presídios.
    Esse governador Geraldo, quer por que quer, colocar presídios em cidades pequenas. Será que ele pensa que o povo é BURRO?

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