Há 12 anos, a estação ferroviária de Presidente Alves estava completamente abandonada, mas um projeto que trabalha com crianças de 7 a 14 anos ocupou o espaço e hoje, a “velha” estação exala solidariedade
O presidente da Sociedade e Assistência e Ocupação do Menor, Waldemar P. de Camargo, recorda em que situação estava a estação que durante muitos anos registrou a chegada e saída de muitos moradores e visitantes.
“O local era ocupado por pedintes e usuários de drogas. Embora as portas estivessem inteiras, tivemos que fazer reparos. Os móveis já tinham sido levados e o reboco e pintura careciam de retoques.”
Antes mesmo de transformar a estação em sede da entidade, os reparos foram feitos. “Fui convidado a desenvolver um projeto idêntico ao que fazia em Avaí. Como não havia um espaço específico, ocupamos a estação”, diz.
O prédio foi dividido. O antigo setor de encomendas da ferrovia é hoje a sala de informática. As salas ocupadas pela chefia de estação e venda de passagem se transformou em sala da diretoria da entidade e espaço para atendimento de menores do sexo feminino. “O antigo bar é a cozinha.”
A entidade atende cerca de 120 crianças e pré-adolescentes. Atualmente, segundo Waldemar P. de Camargo, esse número deu uma encolhida em função do não oferecimento de alimentação. “Deixamos de oferecer alimentação, a prefeitura parou de fornecer os alimentos e não tivemos condição de bancar. Aqui, eles aprendem culinária, bordado, crochê, pintura em tecido, informática. Tem ainda a polícia Mirim que envolve 100 crianças, meninos e meninas. Em outro prédio, ensinamos música.”
P. Alves e Pirajuí eram exportadoras de café
A data exata, Waldemar Camargo não lembra, mas ainda leva na memória imagens da estação ferroviária no auge do café. “Há mais de 50 anos essa estação era muito movimentada. Presidente Alves e Pirajuí juntas eram as maiores exportadoras de café. O embarque dele era feito em um desvio de linha. As locomotivas vinham e deixavam os vagões lá e aqui (mostra com as mãos os locais). Os carregadores enchiam os vagões com as sacas de café que eram transportadas até o porto de Santos.”
Os fazendeiros entregavam as sacas para o chefe da estação, encarregado de fazer a conferência e despacho da mercadoria até o porto. Era o chefe da estação a autoridade de confiança do Banco do Brasil. “Ele emitia o despacho do café. O fazendeiro pegava o documento e ia no banco retirar o dinheiro correspondente. Imagina a responsabilidade dos chefes de estação. Todo o café era entregue ao governo. Quem exportava era o banco.”
Camargo enfatiza que P. Alves nasceu ao redor da estação, como tantas pelo Brasil afora. “Tudo era café por aqui. Só depois da chegada da estação, as pessoas começaram a construir suas casas.”
Fonte: jcnet.com.br
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