Avaí – A colisão de um auto de linha (veículo ferroviário de um só vagão) com uma locomotiva que estava parada num trecho da linha férrea próximo ao horto florestal da aldeia de Araribá, em Avaí (39 quilômetros de Bauru), deixou dois funcionários da América Latina Logística (ALL) feridos. Um deles teve ferimentos na cabeça e permanecia internado no Pronto-Socorro Central (PSC) de Bauru até o fechamento desta edição.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias de Bauru, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, a colisão teria ocorrido após um primeiro acidente. O coordenador geral da entidade, José Carlos da Silva, revela que, por volta das 20h de anteontem, um trem carregado com celulose descarrilou no trecho próximo a aldeia de Araribá.
“Para atender esse acidente e liberar a linha, foi mandada uma equipe para atendimento, sendo que estes trabalhadores já tinham cumprido sua jornada de sete horas e estavam no retorno para a sede quando foram chamados”, diz em nota. Por volta das 3h30 de ontem, segundo Silva, o auto de linha com dois funcionários bateu de frente com a locomotiva.
A ALL informou que os ocupantes do veículo sofreram ferimentos leves e foram encaminhados a um hospital da região, que a reportagem apurou ser o PSC em Bauru. “O condutor Eduardo Pereira dos Santos está em observação e o operador Fábio Leandro Cardoso já foi liberado”, declara. “A empresa abriu sindicância interna para apurar as causas do acidente”.
A concessionária ressaltou que lamenta o ocorrido e que está dando todo o suporte aos seus colaboradores. Segundo a ALL, estão sendo realizados investimentos em via permanente e tecnologia de campo e embarcada que estão reduzindo anualmente o índice de acidentes e sua gravidade.
“Trabalho escravo”
O coordenador geral do sindicato critica o fato dos trabalhadores terem se acidentado após o fim da sua jornada normal de trabalho. “Observem que o acidente ocorreu quando estes trabalhadores estavam expostos a uma jornada de 20 horas de serviço, sem descanso e repouso, o que é muito comum nesta empresa em quase todos os setores, expondo cada vez mais os trabalhadores e a população. É praticamente trabalho escravo”, afirma.
De acordo com ele, somente neste ano, sete trabalhadores do setor ferroviário que atuavam em empresas do grupo ALL perderam a vida em acidentes. Silva aponta como causa das ocorrências as péssimas condições de trabalho e segurança da via férrea. “O acidente (em Avaí) só não foi ainda mais grave, com mais vítimas, porque alguns trabalhadores seguiam de carro”, destaca.
A concessionária contesta os números do sindicato e diz que atua em conformidade com as normas trabalhistas. “Cabe esclarecer que as alegações do Sindicato dos Trabalhadores sobre o número de acidentes envolvendo colaboradores da ALL não correspondem à realidade e que a empresa atua dentro das normas da legislação trabalhista em vigor. A empresa também é fiscalizada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)”.
Fonte: www.jcnet.com.br
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